domingo, 28 de março de 2010

AVE MARIA!

Cai agora
uma chuva fina,
até parece um nevoeiro...
Por oras aumenta,
torna-se garoa
ou um leve chuvisqueiro.

E eu aqui, à toa.
Por trás da vidraça
vejo o pardal se espanar
numa dança natural;
no outro lado,
vejo o sabiá cantar.

Penso, então:
-Sou feliz, tenho meus olhos,
tenho esta janela...
Posso ver a chuva cair
bater na vidraça
e escorrer por ela.

A chuva me faz ver
o mundo
além desta janela envidraçada;
sentir vontade de estar lá fora
sorrindo
com a face molhada.

Agora a chuva é um pouco mais forte
tornou-se um aguaceiro
e o vidro embacia...
A tarde, aos poucos
vai perdendo a cor
e se tornando fria.

São seis horas da tarde,
a chuva continua
molhando o fim do dia...
Fecho a janela
e ouvindo os pingos lá fora
rezo a AVE MARIA!

Rui E L Tavares

(28/03/2010)

POBRE MENINO DE RUA

Na periferia do sonho
desiludido,
perdido
na vida
vamos lhe encontrar.
Sem eira
nem beira,
sem poder sonhar.
Tudo lhe é distante:
-O amor,
-um carinho,
são horizontes
que não consegue enxergar.
Sozinho no mundo,
atirado,
abandonado
à própria sorte
espera a morte chegar.
Pobre menino de rua
que da Lua
faz a sua lamparina;
da calçada
o seu leito;
da rejeição
a sua sina.
No peito
um imenso vazio;
na alma o desamor;
no corpo
o frio
das noites de inverno.
Pobre menino de rua,
nos olhos
o brilho da inocência,
uma esperança
talvez...
Uma lembrança
quem sabe...
É apenas um menino
na verdade,
em qualquer cidade
por ai
neste mundo de Deus!
Mas as multidões
que passam por ele
não ouvem o seu pedido,
viram-lhe as costas
como se fosse um bandido.
Pobre menino de rua,
que futuro terás
nesta sociedade seletiva,
preconceituosa
que extirpa
um botão como tu
impedindo de se tornar uma rosa!

Rui E L Tavares

(28/03/2010)

VOCÊ É QUASE TUDO...

Você,
sonho bom que tive
na noite que passou
e na outra noite
e na outra...
e que nesta retornou.
Você,
que aconteceu na minha vida
e desde então
e ontem
e sempre...
povoou minha ilusão.
Você,
que se tornou o Sol
que trouxe luz ao meu dia,
luar à minha noite,
harmonia ao meu verso,
encanto à minha poesia.
Você,
que dorme comigo
no sonho que me acalanta,
no silêncio,
no ruído...,
na paz que a tudo suplanta.
Você,
doce soberana do meu "eu"
é tudo isso sozinha.
Contudo
não é tudo
pois não é minha.
Você, Rainha
fez de mim um Rei,
um monarca menos sisudo.
Você é meu sorriso,
o meu Paraíso,
o meu "quase tudo"!

Rui E L Tavares

(27/03/2010)
PENSAMENTO REFLEXIVO

Se me apalpo e me sinto,
se falo e me escuto,
por que minto?
por que reluto?

Sou omisso?
sou covarde?
por isso
já acho tarde?

Ou sou acomodado
pois sou antigo
condicionado,
nada é comigo...

Com os outros é tudo
comigo nada
contudo
eu estou nessa parada.

Se não der pra respirar
se acabar a água
vou lamentar
vou gritar a mágoa.

No entanto
fico calado
aqui no meu canto
alienado...

Fico vendo no jornal
o futuro da minha sina
pois matam meu planeta afinal
bem ali na esquina...!

Rui E L Tavares

(24/03/2010)

"DEVANEIO"

Vou quebrar meu verso
de propósito
e jogá-lo num depósito
de lixo urbano.

Estou cansado de ser humano,
dessa "racionalidade" enfadonha
que me envergonha
quando escrevo.

E ainda me atrevo,
nessa loucura que me afeta,
aceitar que me chamem de poeta
num descalabro

Macabro,
que faz de mim um Judas
que se perfumou de arrudas
num verso profano

Insano,
apenas mais um rabicho,
a incrementar o lixo,
mundano.

Não quero mais ser "fulano",
quero ser apenas "eu",
alguém que se perdeu
no meio humano.

Rui E L Tavares

(24/03/2010)

NÃO ME ESQUEÇA, POR FAVOR!

Não me esqueça
por favor, lembre de mim,
deixe que eu apareça
no seu pensamento.
Assim,
serei um momento
sem fim
no seu cotidiano.
Te amo, sou humano,
deixe-me ficar na sua cabeça,
no seu peito,
pois com efeito
em ti é meu lugar,
onde consigo me encontrar
e abraço a paz que me consola.
Se me esquecesses
matarias um passarinho,
no seu próprio ninho,
dentro de dourada gaiola.
A liberdade que eu quero
está limitada
ao teu encanto de flor,
onde minha alma aprisionada,
na tua memória,
escreve a nossa história
num romance de amor!

Rui E L Tavares

(24/03/2010)

SEJA FEITA A JUSTIÇA...

Uma espada
reluzente
e afiada

Brilha na mão do destino
e o Sol a pino
reflete às horas

Do tempo que passa
até que se faça
a justiça ideal

Que corte a cabeça
e desapareça
a semente do mal...

Longas horas
esperas e demoras
pela solução

Mas existe a premissa,
a espada da justiça
pende da mão

E descerá, com certeza
e frieza
no pescoço da inconsequência

Do ser humano
que num ato insano
matou a inocência!

Rui E L Tavares

(24/03/2010)

VEM AMADA...


Amada,
acorda, vem ouvir
o que tenho para te dizer,
quero sentir
o teu desejo
de saber.
Vem,
traz teus braços,
teu corpo sedutor,
quero estreitar os laços
entre nós,
falando de amor.
Amada,
vem, eu te espero...
É simples o que vou falar
mas eu quero
que seja na frente
do teu olhar.
Vem,
aqui é o teu lugar,
recostada no meu peito,
não precisa falar,
apenas segura a minha mão
no aconchego quente do meu leito.
Amada,
vem, e ouvirás de mim
a frase que guardei
para ser dita assim,
num momento como esse:
- Eu sempre te amei - !

Rui E L Tavares

(23/03/2010)

VIAGEM DA MUSA...

Minha Musa viajou
foi por ai, não sei exatamente
para onde, realmente,
só sei que não voltou...

Sem ela não amanheceu o dia,
tive tendinite no punho
de tanto jogar rascunho
no lixo da poesia...

Ainda durmo, tudo é esquisito
a inspiração é lerda
só escrevo merda
neste dia maldito!

Volta logo doce criatura
dessa viagem maluca
vem refrescar minha cuca
com poesia pura!

Volta logo, sua louca
ou vou me matar num poema!
(rsrsrs)

Rui E L tavares

(22/03/2010)

AQUI DA MINHA CAMA...

Aqui da minha cama vejo tudo de olhos fechados
no silêncio dos minutos que transcorrem lentos
transito na contra-mão, volto a passados
revivendo da minha vida os melhores momentos.

Foram poucos eu sei mas vale a pena recordar
olhá-los, pois estão gravados no meu interior;
aqui da minha cama eu consigo retornar
ao tempo em que minha vida desabrochava em flor.

No sentido inverso ando pelas doces alamedas
que se formaram no tempo que se fez jardim;
aqui da minha cama volto na vida pelas veredas
que estão marcadas para sempre dentro de mim!

Rui E L Tavares

(22/03/2010)

O JOIO e o TRIGO...

É muito difícil
pra não dizer impossível
mesmo que não seria plausível;
eu, por exemplo, não consigo,
entre os homens,
separar o joio do trigo.

São bilhões de grãos
e os fenótipos são iguais
afora detalhes banais;
o que diferencia é o valor,
mas pra separar o imprestável,
só analisando o interior.

É lá que está a essência,
quando é boa está escancarada;
quando é má, mascarada
induzindo ao erro primário
de escolher o ruim pelo bom,
dando uma de otário.

Aplique-se a lei da natureza,
quando não se consegue separar
o melhor é misturar
sem se preocupar com sequela,
botando pra cozinhar
tudo na mesma panela.

Afinal, na hora de virar dejeto
vai ficar tudo apartado,
cada um para seu lado;
nenhum ficará ao léu,
o ruim vai direto para inferno
e o bom para gozo do céu!

É isso ai, deixa que o velhinho
lá de cima tem paciência, se-
para tudo direitinho!!!!(rsrsrs)

Rui E L Tavares

(22/03/2010)

CÁLIDA MANHÃ

O Sol, na manhã cálida de verão
traz um brilho vivo às folhas da hera
reflete os matizes de cores tão formosas
no orvalho em gotas nas pétalas das rosas
de onde exala um odor de Primavera.

Nos olhares dos amantes acende a paixão
em lampejos de fulgores incandecentes
assim como o carisma que dá às flores
pinta com a mesma tinta os amores
que brotam dos olhos docemente.

E nas mãos que se unem em elos de corrente
faz fluir a mais sublime e forte energia
que se propaga pelos corpos ansiosos
em vibrantes versos de encantos maviosos
que se completam na mais linda e lírica poesia.

Nas promessas e nas juras que se iluminam
no fogoso calor e em ardente afã
está o raio solar da primeira hora
logo que no horizonte rompe a aurora
trazendo com ela mais uma cálida manhã!

Rui E L Tavares

(21/03/2010)

A VIDA EM CARTAZ...

Interpreto
o seleto
papel que me coube.
Com esmero
pois sempre soube
que sou peça e sou ator.
Dos atos
e fatos,
sou meu próprio escritor,
intérprete,
roteirista
e diretor!
A peça é versátil,
mutável,
notável,
dinâmica
e dirigível.
Infalível,
em cartaz permanentemente...
Nunca é igual,
pois afinal
é escrita no livro do tempo,
cujas páginas
viradas
e vividas
são águas passadas,
marcadas
nalguma fotografia...
Não posso parar de escrever,
de representar
meu próprio destino!
Escrevo e atuo
com ações,
grandiosas interpretações
que nem sempre tem sucesso,
mas a evolução
do escrito
dá-se a cada instante,
num progresso
bonito
ou feio,
no meio
do palco da vida!
Um dia,
num instante qualquer,
o derradeiro ato,
cujo aparato
é enfadonho.
Um acordar de sonho
na noite escura;
um mergulho na amargura
ao ver a peça no seu final...
Restarão as flores no jardim,
a peça não estará mais em cartaz.
Não me caberá editar
nem mesmo interpretar
o FIM!

Rui E L Tavares

(21/03/2010)

PELO COMPUTADOR...


Oi! Você está ai?
meu coração está louco de amor
não quer ficar mais aqui
vai entrar no computador...

Bate descompassado
quando por meus olhos lhe vê
quer fazer um download
com o coração de você...

Por favor sintonisa
na memória do meu HD
meu coração é uma brisa
querendo parar de bater...

Ele quer fazer amor
acabar com este vazio
pronto! entrou no computador
já está indo pelo fio...

Mantém ele quentinho
quando ai ele chegar
dá-lhe bastante carinho
não deixa ele parar...

Depois de agasalhá-lo no peito
com o teu em doce ninho
coloca-o no PC com jeito
que ele volta sozinho!

Rui E L Tavares

(20/03/2010)

PEDIDO À MARIA...

Eu rezei com fé, foi na capela
concentrado, com fé, que eu rezei
na reza falei no nome dela
foi o nome dela, na reza, que falei.

Tanto foi, que falando disse
na oração que orando fiz
num falar orando como se pedisse
rezando por ela que eu sempre quis.

Foi aos pés de Maria que supliquei
o fim da solidão que me consome
sim, foi aos pés da mãe que rezei
e supliquei ao seu santo nome.

Pedi, não nego, o amor que tinha
à minha mãe maior que me ouvia
e ela que no altar, também sozinha
ouvir minha súplica, parecia.

E, ao voltar à casa que foi tua
pelas lágrimas vendo a imagem torta
fracamente iluminada pela Lua
pude ver-te esperando, à minha porta.

Pude ver-te sim, lá, me esperando...
era a mais linda visão que eu via
e, ao teu lado, me acenando
estava minha mãe MARIA!

Rui E L Tavares

(20/03/2010)

sábado, 20 de março de 2010

Hoje...

Hoje comi algodão em emoção
acordei doce...encantamento da razão

Hoje o coração está quente...
ebolição...borbulhas de amor
pura emoção

Hoje escrevo o mais lindo poema
nas linhas úmidas
de teu verso em explosão

Hoje eu sou fagulhas de poesia
que faiscam
nas batidas do coração...

Hoje estou doce como puro mel
jorrando do favo
no meu espasmo de ilusão

Hoje eu sou a luz das estrelas
sou todas as energias do Universo
numa só cacimba de inspiração!

Marcia Poesia de Sá & Rui E L Tavares

Meus Momentos de Inspiração!

Hoje amanheci nascente, latente...
pulsante coração...não arrebente...
Resguarda tuas luas, docemente
caminha calmamente por entre folhas

E o cantar de uma sabia ao longe
denota a beleza deste amanhecer
fazendo os versos meus brotarem
como agua clara, limpida e rara

De uma fonte límpida e cristalina
que se faz viva, pulsante e saliente
vasando por farta vertente
Em Poemas, rebentos da poesia

Escorrendo profusos pela mão
que deita-se em perfumado ninho
para derramar no pergaminho
meus momentos de inspiração.

Marcia Poesia de Sá & Rui E L Tavares

(20/03/2010)

Raios de poesia!

A poesia me ilumina,
me guia.
Por onde quer
que eu vá.
De mãos dadas
com os versos.
vou para qualquer
lugar...

Luz que invade
meu ser.
Minha mente
a transbordar.
São raios
que viajam
outros me
fazem recordar...

Levam-me ao passado
num repente.
Lampejos de luz
no meu interior.
Uma força
grandiosa,
esplendorosa
que se chama amor...

Vínculos que nos unem
tênues claridades.
Frêmitos de inspiração
numa fração de dia.
Fulgor
extasiante
num instante
em raios de poesia!

Raquel Ordones & Rui E L Tavares

Criei a poesia

Criei a poesia
com um gesto de caneta
deitei-a com carinho
num ninho na prancheta.

Dei-lhe uma rima doce
pelo bico da pena
depois, como se fosse
chamei-a de Poema.

Meus traços desenhados
Em sonhos versados
Senti o meu cerne
Alma e epiderme

Foi o momento raro
Criei-me em poesia
O peito num disparo
Rendi-me a fantasia...

Rui E. L. Tavares & Michelle Portugal

IRMÃS

Eu e a poesia nos pegamos às vezes
Como irmãs em irritações cotidianas
Ela inventa de me azucrinar
E eu querendo sossegar

Eu e a poesia nos amamos muito
Mas tem dias em que ela está agitada
Querendo se mostrar
E eu a espreguiçar

Eu e a poesia, às vezes não concordamos
com a forma de rimar
ela quer vir de um jeito
mas eu não concordo com o efeito

Que nós dois vamos causar
mas sempre achamos um meio termo
e paramos de brigar
afinal somos irmãs, vivemos pra nos amar!

Anorkinda e Rui E L Tavares

Raios de poesia!

Levam-me ao passado
num repente.
Lampejos de luz
no meu interior.
Uma força
grandiosa,
esplendorosa
que se chama amor...

Vínculos que nos uniram
tênues claridades.
Frêmitos de inspiração
numa fração de dia.
Fulgor
extasiante
num instante
em raios de poesia!

Mas, num piscar de olhos
volto ao presente.
E, da intensa luz,
sinto, agora, o calor.
Um abraço
acolhedor,
chama imensa
explodindo em emoção...

Laços eternos
na ternura dos versos
casam os nossos sentimentos.
Num impulso,
penso no futuro
como raios de estrelas
que não mais existem
mas ainda vemos o seu brilho
nosso raio infinito!

Rui E L Tavares & Janete do Carmo
20.03.10

ALMA DE MULHER


Toda flor tem sua aura
que a circunda ao redor
mas é no seu interior
que está o encanto maior.

Do âmago vem a beleza
que lhe dá a textura,
a forma viva e a cor
imaculada e pura.

Uma rosa é uma rainha
no universo da flor
pois de dentro lhe transpira
a magia do esplendor.

Deus fez todos os jardins
e coloriu-os de luz,
no do céu plantou estrelas
com seu brilho que seduz;

No da terra plantou flores
adubando com seu mister
semeou a mais pura alma
no interior da mulher!

Rui E L Tavares

(20/03/2010)

NO LAGO TARUMÃ...


Tem um sabiá que canta
num galho da corticeira,
um outro que responde
lá na copa da figueira.

Um casal de pomba rola
que voa sempre juntinho;
tem uma égua crioula
que relincha com carinho.

Tem pardais em voo rasante,
quero-quero cantador;
joão-de-barro a todo instante
cantando e fazendo amor.

Tem sinfonia da passarada
no mato verde daqui;
uma orquestra anunciada
pelo canto do bem-te-vi.

E na água calma do lago,
em extinção o coitado
como num último afago
brinca o ratão do banhado.

Nas manhãs do verão quente
brilham cores rainhas,
a vida passeia latente
no voo das andorinhas.

Numa pedra na parte rasa
da água que é lençol,
um cágado extravasa
tomando banho de Sol.

Tem garça de perna longa
pousada na água morna
enquanto no mato a araponga
faz soar sua bigorna.

Tem vida, tem luz, tem amor
no verde, no ar e no chão;
ainda canta o martim-pescador
um canto de pura emoção.

Tem peixe no lago profundo,
a fauna e flora deste lugar
formam o verdadeiro mundo
que devia proliferar.

Caminhando, vejo esta beleza,
esta magnífica obra de arte
da qual tenho a certeza
faço consciente parte.

Olho tudo com muito apreço
o Lago Tarumã também é meu,
é da vida e não tem preço
este presente que Deus nos deu!

Rui E L Tavares

(19/03/2010)

ROSA / MULHER!


O teu corpo é doce,
suave,
como se fosse
uma viagem
sem entrave...

Pelas veredas do incerto
na fração do instante,
tão perto
da minha mão,
mas tão distante...

Estás aqui e não,
cerro o cenho,
ardo em tesão,
atiço a ira,
te quero e não tenho!

Preciso
acariciar teu seio
e sem juízo
buscar o prazer
por qualquer meio.

E a Lua
nesta rede
te mostra nua,
servida
para matar a minha sede.

Porém tu és uma rosa
nua assim,
esplendorosa
mas indiferente
pois não é do meu jardim...

Fecha-se em botão,
não me quer...
e contra a tua decisão
não ouso te tocar
rosa / mulher!

Rui E L Tavares

(19/03/2010)

A MADRUGADA...

A madrugada
não é boa conselheira
é parcial,
silenciosa
e nos deixa com olheira.

Afinal,
na madrugada morosa
vive a solidão,
a flor de breu,
não desabrocha a rosa.

Também não brilha o pensamento
nesse trecho da estrada,
na viagem da noite
pelas curvas sinuosas
da madrugada...

Agora, me reviro sem sono
nesta infindável madrugada
fico olhando o teu retrato,
o teu olhar indiferente
e o sorriso de debochada!

Quem sabe agora tu nem lembra
daquela luxúria desvairada
que fazia nossa noite pequena,
pois estás com outro alguém,
em outra madrugada...

Rui E L Tavares

(19/03/2010)

ÉS MINHA INSPIRAÇÃO

Entre tu e eu tem sintonia,
elos que nos mantém unidos
perfeitamente cingidos
numa mesma poesia...

Temos um vínculo profundo,
uma fonte de rico veio
que faz de mim um meio
de se mostrar ao mundo.

De ti vem o verso e o tema,
eu sou o corpo que lhe conduz
e transforma em luz
dando-lhe a forma de poema...

Assim nasce o nosso afeto,
por mim que sou o poeta,
por ti, lírica meta,
vive mais um projeto!

Está sacramentada a emoção,
por mim que sou teu escritor,
por ti que és o meu amor,
a minha doce inspiração...

Rui E L Tavares

(19/03/2010)

ADEUS...

Chocante
o instante
do adeus...

Quantos momentos
sem donos
nem teus, nem meus.

Nossos apenas,
cenas
que morrem agora...

Nesta palavra assassina
um adeus que termina
o viço da ventura...

Que se perde na ida
ficando da partida
a semente da amargura.

Adeus meu amor,
flor
que se ausenta do meu jardim.

Por que tudo termina?
Por que esta sina,
de morrer em mim...?

Rui E L Tavares

(18/03/2010)

MEUS POEMAS...

Rabisquei um escrito
evocativo,
bonito
mas sem motivo
pra nascer...
Escrever é um parto
farto
de amoções,
mil razões
afloram,
defloram
a placenta da memória
e a história
faz pegadas na areia...
Fracas,
opacas,
curta vida.
Diluídas
na primeira onda
ou vento forte.
Com sorte,
um bom pré-natal,
pode
vir um ode
afinal...
Entre mil,
num céu de anil
vem o escolhido,
nutrido,
ritmado
e com sentido...
Simetrado
nas regras concebidas
medidas
na régua do saber!
Meus filhos...
Tantos,
quantos,
já nem sei!
Todos mortos,
desaparecidos,
consumidos na maresia,
levados pelo esquecimento
para o cemitério
da poesia...
Triste fim,
é como se fosse eu,
meus Poemas,
nenhum sobreviveu!

Rui E L Tavares

(17/03/2010)

"DENTRO DO CORAÇÃO"

Faça de mim um corrimão
na escada
alinhada
até meu coração...

Suba, devagar
pé ante pé,
com fé,
até chegar...

Entre, decidida.
Esta é a hora certa,
a porta está aberta,
a passarela estendida...

Caminhe, se proteja
da intensa vibração
do meu coração
que afobado lateja...

Ande, com calma,
siga em frente,
pise suavemente
com passos de alma.

A tua, pois a minha,
neste meu peito tapera
esteve sempre a tua espera
pra não ficar mais sozinha!

Rui E L Tavares

(16/03/2010)
A noite finda
no horizonte dos dias...
fim do arco-iris de estrelas
num pote de poesias.

Lá estão e vê-las,
as luzes seletas,
é preciso enxergá-las
com os olhos de poetas...

Selecioná-las
com critério observador
dando-lhes rima de verso
e ternura de amor.

As luzes do Universo
estão no nascer da aurora
basta que se saiba ver
exatamente na hora...

Em que o dia desponta
e o negro da noite descora;
quando a Lua se apronta
para o Sol que a deflora.

A última estrela se apaga
e na manhã menina
mais uma vez se propaga
no mundo a luz divina!

Rui E L Tavares

(16/03/2010)

POESIA

Poesia,
meu Sol,
minha Lua,
meu lençol
de algodão,
inspiração
da minha alma nua...

Poesia,
minha estrada,
meu universo,
rima cantada
no refrão
que vem em verso...

Poesia,
espírito materializado,
sentimento
tracejado
em ato solene
com tinta perene,
registro de um momento...

Poesia,
alma que passeia
pelo sonho, pela razão
em cada veia,
em cada artéria,
pelos caminhos da matéria
semeando emoção!

Rui E L Tavares

(14/03/201

Dia da POESIA!

CAMINHADA

Caminhada
sem trajeto
traçada
sem projeto
num papel em branco.
Desenhada
com tinta nanquim
tisnada
assim
pelo pincel do destino.
Passos traçados
sobre a branca areia
apagados
pelo encanto da sereia
na onda do mar.
Na espuma diluída
que escorre
e escorrida
não morre
na caminhada...
E assim vai
pelo papel, incerto
o traço que não sai
do rumo mais perto
que a vista alcança.
Renovado,
quando atingido,
continuado,
ungido
com água benta...
Caminhada
para a frente
obstinada,
intermitente,
mesmo porque,
ao fim de cada etapa,
a me esperar,
está você...!

Rui E L Tavares

(14/03/2010)

ELOS DE CORRENTE


Perfeita simetria
antes, durante e depois.
Harmonia
entre nós dois...

Na poesia
que flui em cascata
numa meiga melodia
cantada em serenata.

Magia que consome
a nitidez, tem forma e cor,
tem um nome
chama-se amor...

É assim que tudo ocorre
na eclípse de nossos mundos
quando a felicidade escorre
pela fluência dos segundos.

Eu e tu, elos de corrente
que não pode ser desunida
estendida pela frente
além dos limites da vida.

Rui E L Tavares

(14/03/2010)

NO MAR...


No mar tem onda, tem espuma
que deita sobre a areia;
desfazendo a duna
onde tomava sol a sereia...

Tem gaivotas lindas no mar,
lindo por-do-sol no horizonte;
tem um barquinho de remar
que passa ali defronte...

Também tem, no mar, pescador
o coadjuvante banhista;
todos no cenário encantador
onde o mar é o grande artista...

Ah! mar, como é imenso o teu véu!
Daqui, onde estou, até lá...
onde abraças o céu
são domínios de Iemanjá!

Rui E L Tavares

(10/03/2010)

SEM VOCÊ MULHER...

Sem você não me encontro,
ando tonto
tateando no nada...

Sonhando acordado,
olhar parado;
Sou alma cansada.

Sem você sou mar sem água,
sou vertente de mágoa
congelada no frio...

Do inverno implacável,
sou vácuo intocável
de um corpo vazio.

Sem você sou barco perdido,
horizonte sumido
no mar da saudade...

Ponto sem rumo,
sem destino, sem prumo,
sem claridade.

Sem você sou ninguém,
nada além
de uma lembrança qualquer...

Sou poesia esquecida
no livro da vida
sem você MULHER!

Rui E L Tavares

(08/03/2010)

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

PRESSENTIMENTO...

Tempo,
Jarro que transborda momentos
repletos de pensamentos
condensados em realidade;
Instantes
que jorram no presente
constantemente
para, logo ali, se tornarem passado.

Registrado,
num disco de vinil,
numa mancha senil,
numa ruga que se evidencia;
Na pele o pergaminho
onde o poeta tempo
traçou o caminho
daquela antiga poesia...

O futuro,
um caminhar no nada,
uma água parada
que ainda não desceu a colina;
Uma sina
que se esconde no porvir...
daqui a pouco será momento,
agora, é apenas pressentimento.

Rui E L Tavares

(07/03/2010)

CORAÇÃO EM GREVE!


Meu coração aos pedaços
esteve doente,
inconsequente,
fez greve de amor...

Rompeu os laços
com a poesia
despiu-se da alegria
e vestiu-se de tristeza.

Nesses dias...
por tua ausência
com muita frequência
entregou-se à arritmia.

Bateu tristonho,
descompassado,
arritmado
e a contragosto...

Quase morreu!
Por greve de fome
chamando teu nome
e lembrando teu rosto.

Agora, está como quis
com a tua volta,
pulsa e se solta
plenamente feliz...!

Rui E L Tavares

(06/03/2010)

ESSE AMOR...


Não adianta
esse amor suplanta
todos os obstáculos.

É essência seleta,
é forte, é atleta
tem vários tentáculos.

Profundas raízes,
firmes matizes
não perde a cor...

Ah! esse amor é imenso
tem perfume de incenso
e encanto de flor!

Orgulho e ciúme
não tiram o lume
que envolve esse amor.

Esse amor é grande
e se expande
como rosa em botão...

Que do teu e do meu
desde que nasceu
faz um só coração!

Rui E L Tavares

(06/03/2010)

MEU CORAÇÃO SEM JUÍZO...

Meus extremos
são meus dedos
da mão,
tentáculos do coração
que deseja te tocar.

Acariciar
com meus dedos...
Ah! coração danado
de tão apaixonado
não para de pulsar.

Por meu olhar
ele te vê
e se agita no peito
não tem jeito
não consigo controlar...

Tu tens que voltar
urgentemente
minha Musa, é preciso
ou este meu coração sem juízo
vai parar...!

Rui E L Tavares

(05/03/2010)

VOLTA A JOGAR, POR FAVOR...

A vida deu as cartas
pra nós dois
e depois
nos fez jogar...

Foram fartas
as cartas
que nos deu.

Eu joguei
tu jogou
jogamos...
A vida, tu e eu.

Quem venceu?
não sei...!
Eu perdi
e tu perdeu.

A vida ganhou?
Talvez...
Não vejo ganhador!

É a tua vez...
por favor
dá as cartas, volta a jogar...

A vida desistiu
nunca foi jogador
agora é tu, eu
e o amor...

Volta a jogar...
Por favor!

Rui E L Tavares

(05/03/2010)

quinta-feira, 4 de março de 2010

CAMINHO PARA A LUZ!

Pedaço de trapo velho
que cobre teu corpo desnudo
além de tudo
que a vida já despiu.

O destino te pariu
com as pompas da desgraça
e desse banco de praça
fez teu duro leito.

Mas te deu um peito
um sentimento, um coração
para que sofresses a emoção
e avaliasses a tua dor.

És o avesso da flor
que por sê-la, é encanto
tu é pétala de pranto
da lágrima escorrida.

Ainda assim tens a vida
supremo bem que Deus te deu
agradece pois ele é teu
é um mimo do ser superior.

Faz dela estrada de amor
e por ela te conduz
mesmo com os pés no espinho
distribui carinho
que no céu te espera a luz!

Rui E L Tavares

(04/03/2010)

A POESIA QUE MORREU!

Hoje é outro dia
o Sol de ontem já apagou...
Aquela poesia
o vento já levou.

Nasceu bela e morta
nem teve testemunho
escrita em linha torta
num papel de rascunho.

Veio da inspiração...
Linda! Mas fora de hora
parida pela mão
que a amassou e jogou fora.

O vento a conduziu
sem pompas,... como dejeto
e no nada diluiu
o meu mais lindo projeto!

Foram de amor meus versos
que só o vento leu
e por ele foram dispersos
na poesia que morreu!

Rui E L Tavares

(04/03/2010)

A EXECUÇÃO

É pensando,
analisando,
que se projeta...
É projetando e realizando
que a vida se completa!

Nada se improvisa
pois precisa
existir num momento,
passar pela imaginação,
pelo crivo da razão
que é o pensamento.

Então,
pensado,
analisado,
torna-se um plano
humano
a ser realizado...

Ai sim,
enfim,
vem a ação.
Uma ordem do cérebro
à mão ou ao coração,
desencadeia a execução!

Rui E L Tavares

(03/03/2010)

UMA RETA ENTRE PONTINHOS...

Se reta é a menor distância entre dois pontos,
entre nós existe uma reta...
pois pontos somos e entre pontos existem encontros
suprimindo a reta na forma mais direta.

Ah!, e olha que somos pontinhos inteligentes
com almas imortais, mas que vivem sozinhas
cada uma num extremo da reta, indulgentes
apesar dos seus corpos terem corações e perninhas!

Então, por que chamamos essa reta de distância
e deixamos que ela permaneça fazendo dó?
se podemos nos deslocar por ela com constância
até nos juntarmos num pontinho só...!

Rui E L Tavares

(02/03/2010)

segunda-feira, 1 de março de 2010

A valsa dos poetas


A valsa suave e ritmada contagia o salão
Com um clima envolvente de magia
Ao meu convite sorris estendendo a mão
E nos deixamos levar pela melodia.

A noite fresca escorre pelo céu
E as estrelas nos vêem das vidraças
Me entrego a ti, como bailarina ao véu
E rodopiamos leves, como brancas garças.

Corpos eretos, passos de gracioso encanto
Como a flutuar num sonho imaginário
Nos braços um do outro em acalanto
Somos luz a bailar neste cenário.

Todos os candelabros de cristais do salão
Olham-nos assim em êxtase, encantados
Somos puro brilho e luz em explosão
Compondo a mais bela dança dos apaixonados.

E os casais que à nossa volta rodopiavam
Aos acordes sublimes da valsa sensual
Deixaram a pista livre e admiravam
A nossa dança harmônica e magistral.

E assim a poesia se fez passos
Quando a lua se torna expectadora
Dois poetas alados entre espaços
Em uma noite, muito mais que encantadora


Márcia Poesia de Sá e Rui E.L. Tavares

O AMOR SEMPRE É PERFEITO


A luz bendita que conduz a seiva
trazendo beleza ao matiz da flor
e verde à grama plantada em leiva
é a mesma, que no peito, semeia amor.

Vem à qualquer hora, chega e germina
não causa dor, muito menos ferida
pois é centelha de origem divina
o fluido universal da própria vida.

Não é sonho de criança nem ilusão
é semente nobre, oposta à paixão
cuja essência tem um suave efeito.

Que dissipa do ciúme os obstáculos
da vil inveja decepando os tentáculos
pois é o amor e o amor é sempre perfeito!

Rui E L Tavares

(01/03/2010)

A ROSA QUE TE DOU...


Musa que me inspira
colhi
e trouxe para ti
uma rosa...

Não a toquei,
é virgem, recém desabrochada
ainda orvalhada
pelo sereno da manhã...

Nem o Sol a tocou
pois ainda não nasceu,
este mimo que é teu
só o luar banhou com luz

E o orvalho purificou
dando-lhe doce perfume.
Da Lua veio o lume
para a rosa que te dou!

Rui E L Tavares

(01/03/2010)

ACORDA!...VEM TOMAR CAFÉ COMIGO!


Querida,
o que fazes? Dormes ainda?
agora que a noite finda
e a aurora dá luz ao dia...

Acorda amor,
vem ver que lindo
o breu da noite indo
e o cantar da cotovia...

Abre os olhos meu sonho,
descerra as pálpebras de véu
mostra os dois pedaços de céu
portais do meu Paraíso...

Respira meu anjo amado,
o amanhecer, profundamente
olha-me e docemente
ensaia o primeiro sorriso...

Depois, meu dengo eterno,
de iluminar teus traços
faz dos teus doces braços
meu delicioso abrigo...

E depois de muito amor,
na manhã desabrochada
vem minha Musa amada
tomar café comigo...

E Depois...
Ah! Depois só o amor sabe!

Rui E L Tavares

(01/03/2010)