sábado, 21 de agosto de 2010

VOCÊ É TUDO...

No meu céu tem uma só estrela
uma sereia só tem no meu mar;
no meu pensamento uma única idéia
um sonho só no meu sonhar...

No meu teatro tem só uma na platéia
minha essência um átomo na cadeia
só um nome habita a minha mente
e só ele nas noites me incendeia...

Tenho tudo, não preciso de mais nada
nem sexo, nem amor, mesmo porque
entre todos os prazeres deste mundo
eu juro que sou muito mais você...!

Rui E L Tavares

(14/08/2010)

MINHAS VOZES...

Ouço-me pois de mim ecoam vozes
na intimidade do ego que me faz;
vozes mudas, manifestações atrozes
que, por momentos, tiram minha paz.

Louco não sou, mas não sou consciente,
talvez inconformado, seja apenas;
sei que não sou, porém, um prepotente
que enfeita com mentiras suas cenas.

Com certeza, sou amante do afeto
escrevo o que ouço e vem de mim;
só porque não sou analfabeto
colho as vozes e as planto num jardim.

Rosas nascerão, ou mesmo só espinhos
destas vozes gritantes que são minhas,
pois as escrevo in natura em pergaminhos
para que falem, ou se calem então sozinhas!

Rui E L Tavares

(14/08/2010)

VENTO TRISTE

Esse vento que agora sopra forte
e vem uivar no canto da varanda
são mãos que jogam à própria sorte
as flores que pendem da guirlanda.

Num rumo vago e sem suporte
como bólido que a esmo anda
açoita a vida sem sul nem norte
com chicote perfumado em lavanda.

Balança a porta, penetra, traz o frio,
leva o calor em louco redemuínho
deixando um vácuo tão vazio
nas pegadas que deixa no caminho.

E se dilui no vão de cada hora
levando a ilusão que nem viveu
despetalando por ai afora
uma linda rosa que morreu!

Rui E L Tavares

(13/08/2010)

A VOZ DA MUSA

O estro que inspira vem da Musa
na brisa que sopra da quimera
incutindo na mente feito intrusa
a poesia cheirando à Primavera.

Que floresce da pena que escreve
pela mão do poeta em doce ninho;
na cor da tinta que se atreve
a tingir de luz o pergaminho.

É a voz da Musa pela escrita
a nascer na magia do universo
jorrando de fonte tão bonita
para fazer-se ouvir em doce verso.

Um sussurro, ...harmoniosa melodia
na íntima confidência, dita meta
transformada numa linda poesia
que a Musa ditou para o poeta.

Rui E L Tavares

(13/08/2010)

POR UM OLHAR...

Um simples detalhe, inesperado
brotou em luz num inopino
como se fosse algo planejado
e executado na saga do destino.

Um lampejo entalhado na memória
ínfimo quando foi e sem razão
trouxe no bojo o fio da história
de uma vida repleta de paixão.

Uma centelha apenas, foi presságio,
início fugaz, mas requisito
que num repente fez-se apanágio
deste amor eterno e tão bonito.

Por um olhar, este amor é grande
mesmo sem as posses do real,
a cada nova manhã se expande
além das fronteiras do virtual!

Rui E L Tavares

(13/08/2010)

A TUA ESSÊNCIA!

O facho que te ilumina
refletindo o teu lume
não é só beleza feminina
nem só cheiro de perfume.

Nada que se individualize
por si só faz tua luz
é um ridículo deslize
minimizar o teu jus.

não diga-se, por dizer:
- Ah! que flor singela!
diga-se sim, a saber:
- Ah! que flor mais bela!

Diga-se com consciência,
com certeza e sobretudo
com a visão da essência
de onde te vem quase tudo!

Rui E L Tavares

(12/08/2010)

CAIXA PREFERENCIAL...

Eu vi um homem velho na rua
caminhando nos desenganos...
Ia alquebrado
o coitado
pelo peso do seus muitos anos.

Vagaroso nos seus vacilantes passos
o semblante cansado...
Ia sem objetivos francos
e nos desalinhados cabelos brancos
estava gravado seu longo passado.

Passavam por ele gerações
indiferentes nas suas vagas consciências...
Ia o homem velho vendo à frente
um mundo frio, indiferente
às suas muitas experiências.

Aquele homem velho perdeu-se na multidão
e eu fiquei com meus próprios desenganos...
Olhei para o cartaz de CAIXA PREFERENCIAL
e pensei afinal
nos meus não muito menos anos!

Rui E L Tavares

(09/08/2010)

FALSOS ENFEITES

Ditos e não ditos, meras frases
enfeites que se vêem, pensamentos;
diferenças entre verdade e o que fazes
nos públicos e íntimos momentos.

Risos, adereços, nítido deboche
manipulações de submissa marionete
num tablado falso onde fantoche
é ovacionado com nuvem de confete.

Ris de ti e para ti, feito palhaça
como se enganasses o teu espectador
com citações falsas e sem graça
num circo manipulado e sem valor.

Assim te insinuas enganosa criatura
ao anjo que te vê e assim te quer;
fantasiada sob a aura impura
que envolve o teu corpo de mulher!

Rui E L Tavares

(09/08/2010)

DEI-TE TUDO...

Dei-te o mar
mas tu não quis,
dei-te o céu...

Fez que não viu,
indiferente preferiu
viver ao léu.

Dei-te as estrelas
ristes debochada,
achastes pouco...

E ainda me taxastes
de débil poeta,
quase louco.

Dei-te então o amor
todo do meu peito,
teu riso, fez-se gargalhada...

Dei-te o último presente,
uma lágrima insistente,
depois mais nada...!

Rui E L Tavares

(08/08/2010)

JURAS QUE PASSAM...

Na noite escura
troquei juras
com as horas.

Jurei vivê-las
como estrelas
no meu céu, senhoras...

No meu sono, tempo,
contratempo
e dolorido açoite.

Jurei às horas passadas
insônias programadas
para varar a noite.

Mas dormi, sonhei, jurei
depois mergulhei
em amarguras...

Esqueci de fechar a janela
meu amor se foi por ela,
não cumpri minhas juras!

Rui E L Tavares

(07/08/2010)

AMOR DE AREIA

JANELA DE VIDRO

Recostado nas lembranças vejo o tempo
gotejar na vida e passar através dela
indo compor seu lugar no infinito
que se oculta atrás desta janela.

Por ela vejo sombras que antes luz
transitam nos reflexos da vidraça
como cenas vivas e projetadas
numa imprecisa tela de fumaça.

Na transparência vejo-me noutras eras
esfumaçado, confuso, pouco exposto
nas sombras descoloridas da memória
num cenário antigo, vago e decomposto.

Já o Sol partindo o matiz agora escurece
o vidro turva, o tempo se faz sisudo
surge a noite plena, negra na janela
cobrindo-me a mente em quase tudo.

Só resquícios ficam, são de saudade
feridas abertas, lembranças, sequelas
vertem da janela de vidro tão fechada
mas aberta sempre à memória dela.

Rui E L Tavares

(06/07/201

COM VOCÊ

"NO MAR"

No mar,...na vaga
quebrando na praia
eu vejo uma sereia.

Agora, quando o Sol partiu
entregando o céu
para a Lua Cheia.

Não só uma,...várias
por meus olhos de poeta
eu posso vê-las.

Surfando as ondas do mar
sorrindo para mim,
numa prancha de estrelas!

Rui E L Tavares

(04/08/2010)

"PRESENÇA"

Sou substância
mas não sou pura
analisado com constância
tenho mistura...

Sou célula, sou teia
e nela você está
constante na cadeia
do meu DNA...

Uma análise mais consciente,
responsável e calma,
verá você presente
até na minha alma!

Rui E L Tavares

(04/08/2010)

VÍCIO VIRTUAL

De que adianta negar,
eu sou micreiro...!
Sou sim, e daí?
Com meu dinheiro.

Não fumo, não bebo...
Nem sei mais nhanhar,
o que me resta?
-Navegar...!

...No mar da NETividade
por ai a esmo...!
Quem sabe num download qualquer
dê de cara comigo mesmo.

Ai sim, me abraço e me adiciono
mente e corpo, nunca mais me deleto
morro na frente deste PC
como um viciado completo...!

Rui E L Tavares

(03/08/2010)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

QUE GOSTO TEM?

NA PONTA DOS PÉS

DOCES ALMAS

FIM DO ARCO-IRIS!

Irisavas-te na manhã quando nevava
em flocos suaves de matiz ameno
num arco-iris bordado pelo sereno
que no vidro brilhante gotejava.

Quem da rua visse teu sorriso pleno
tingido no tom que do arco aflorava
parava ao ver-te,... se encantava
pelo encanto do teu rosto tão moreno.

Eu que te vi, meu Deus!, assim tão bela,
vi o arco-iris no fim da curvatura
expor-te pote de ouro,...Luz mais pura
atrás de um simples vidro de janela.

Ali, o derradeiro fim da minha procura
não preciso mais procurar por ela!

Rui E L Tavares

(28/07/2010)

INDAGAÇÕES...

Por que aquele pássaro voa
e eu não?
Se eu queria tanto voar.

Por que eu penso e ele não?
pensando faço um avião
e ele só sabe cantar...

Por que ele voa pelo céu
e eu não?
fico no chão, no céu querendo estar!

Por que é tão trabalhoso o meu caminho
e o dele não?
Tem só que fazer um ninho...

Por que eu sou tão racional
e ele não?
Por que as diferenças afinal?

Por que aro o solo e de indagações
jogo sementes às costas
esperando que a vida germine respostas
e ele não...?

Rui E L Tavares

(26/07/2010)

AH! POETAS!

Poetas, ...Ah! Poetas
quantos castelos...
Versos que são elos,
pensamentos que são setas.

...A trespassar o belo
fazendo-o verter consciência
em gotas de essência
do âmago mais singelo.

Poetas, ...Ah! Poetas
artesãos das letras em anéis,
entrelaçados em metas
enfeitando toscos papéis.

Menestréis do sonho,...da ficção,
arquitetos da realidade,
obreiros na construção
da própria imortalidade...!

Rui E L Tavares

(26/07/2010)

VISÕES II

Até aonde eu posso ver, vejo esperanças
enxergo só até aonde eu posso pensar
e o pensamento é feito de lembranças
passadas ou que ainda estão para chegar.

O otimismo faz de mim crente visionário
vestindo a realidade com lúdico depuro;
dando requintes inocentes ao cenário
que um dia se tornará nosso futuro...!

Rui E L Tavares

(25/07/2010)

"ESTÍMULOS"

Quantas noites com outro alguém, pensei em ti,
vezes quantas olhei outro rosto e nele te vi...
Foram tantas, ah! meu Deus, foram tantas!

Recordações puras,...horas que parecem santas
amados momentos que acalanto, ...tu acalantas
nos guardados que ficaram em dupla memória.

Pedaços de tempo marcantes, ...saudade inglória
que flui sentindo-te assim como uma história
que talvez nunca tenha chegado ao fim...

Estímulos vem, das imagens que agora vejo,
sabendo que me vês também, ...volta o desejo
sufocado, mas que ainda respira em mim...!

Rui E L Tavares

(25/07/2010)

"NOSSAS LÍNGUAS"


Lembro daquele beijo na boca,
daquele e de outros tantos...
Nossas línguas se enroscaram
buscando íntimos cantos.

Intocados por outras línguas
invasoras mas que ao léu
andaram por nossas bocas
mas não desvendaram-lhe o céu.

Só minha língua e a tua
viveram tantos amores,
falaram palavras tão doces
e degustaram "nossos sabores".

Nossas línguas nos conhecem
até os mais íntimos espaços
vibram em "loucos anseios"
quando trocamos abraços.

Rui E L Tavares

(23/07/2010)