sábado, 27 de novembro de 2010

DEPOIS DA CHUVA

Finalmente
a chuva parou,
não chove mais.

Agora é abrir as janelas
e deixar entrar o Sol
que vem atrás...

Esquecer as sequelas,
juntar as mágoas molhadas
e estendê-las para secar...

No varal do presente,
ao Sol da esperança,
para que possam sarar.

A chuva lavou mal feitos
e regou o chão
com novas ofertas.

Plantemos então a paz
fechando para o futuro
as cicatrizes abertas.

Rui E L Tavares

(19/07/2010)

UM PONTO ATRÁS DOS OLHOS...

Um ponto além de tudo
num infinito qualquer...

Contido no universo
atrás dos olhos da mulher.

Um ponto indefinido
nos seus matizes de cor...

Mas nítido nas promessas
de êxtases infindos de amor.

Um ponto em dois faróis
de onde o encanto seduz...

Atraindo inevitavelmente
para fonte de intensa luz!

Rui E L Tavares

FANTASMAS DA NOITE...

O relâmpago corta o céu e logo vem o trovão
dando um estranho tom ao escuro do meu quarto.
Os móveis assumem breves formas grotescas
projetadas nas paredes em sombras gigantescas.

Rompem lembranças trazidas pelo tétrico temporal
nas faíscas de memória que cruzam a mente em transe
materializando disformes espéctros do passado
no espaço fantasmagórico deste meu quarto fechado.

Uma lágrima da minha pálpebra cerrada cai e se abriga
no travesseiro que a espera de braços abertos...
De repente, na noite, todo esse cenário some,
cai a chuva, só um fantasma fica, o que leva o teu nome!

Rui E L Tavares

(15/11/2010)

AMOR LOUCO!

Que graça tem
um amor assim
sem presença,
com raízes falsas
fundadas
na indiferença?

Um amor de palavras
ditas por dizer,
vazias...
Sons de marionetes,
confetes
de fantasias

Jogados ao léu,
vindos do céu
da boca...
Festejos insanos,
mundanos
de uma mente louca!

Rui E L Tavares

(15/11/2010)

MARCAS DO TEMPO

Agora que o tempo passou
e deixou marcas,
não adianta querer apagá-las.

Marcas do tempo
são tatuagens permanentes,
o que cabe é regá-las.

Para que suas sementes
não abram fundas valas
no âmago da consciência.

Transformando num suplício
o incessante exercício
da progressiva existência.

Marcas do tempo são orgulho
se trouxerem boas recordações
que bordem a alma de paz.

Vistas num frio espelho
devem refletir boas ações
no caminho que ficou pra trás.

Rui E L Tavares

(14/11/2010)

A POESIA É ASSIM...

A Poesia tem safra,
entre safra
e produto sazonal.
A grosso modo,
tem relação com a Lua,
com o Universo, com o Sol.

A Poesia é assim,
precisa de componentes
que lhe façam nascer.
Precisa de um pré-natal
bem elaborado
para que venha sadia.

A Poesia tem que ser esperada,
colhida da inspiração
e com zelo ornamentada.
Depois, pelo dom do Menestrel
ela vem ao mundo dos homens
e vai viver num papel.

Rui E L Tavares

(14/11/2010)

INSTANTES DA ALMA

Olhando após o limite dos meus olhos
pude ver que existe muito mais
depois da razão exata do meu porquê.

Além da materialidade que me cerca,
vi outro mundo, por minh'alma
pois ela enxerga onde o corpo não vê.

Minh'alma sim, lembra as vezes anteriores
quando voltou à casa e ao jardim que é seu
para regar de eternidade suas flores

São instantes da alma, sem rancores,
na visão da luz e esplendor divino
desde os puros desígnios do Senhor.

Como se liberta rompesse laços carnais
e voasse para Deus a cantar um hino
na santa paz que só tem no amor...!

Rui E L Tavares

(12/11/2010)

ESPAÇO VAZIO

O que faço com estas lembranças?
Com estas fotografias o que faço?
Se morreram todas as esperanças
de preencher este frio espaço

que deixastes aberto em mim,
tatuado com tantas dores...
Meu Deus! E este jardim
onde murcham nossas flores?

O que faço agora?...Me diz
neste abandono em que estou aqui,
como um perdido aprendiz
na arte de viver sem ti.

Te amo, mas sei que não voltarás
pois não amas como eu...
Estou condenado a viver sem paz
neste vazio que é teu...!

Rui E L Tavares

(10/11/2010)

PENSAMENTO DO DIA

Pensei que estavas tão perto
que podia te tocar,
mas me enganei...
Estavas tão longe
que nem mesmo sonhei
pois não me deixastes sonhar!

Rui E L Tavares

(09/11/2010)

NADA É COMO TU!

Nada, em nenhum lugar do mundo,
pelo tempo que for,
se compara a um segundo
do teu incomparável amor...

Nada, resume o que quero dizer,
me traz tanto abrigo,
nem esse prazer,
que sinto em estar contigo...!

Rui E L Tavares

(09/11/2010)

ANÁLISE

Perfeita empatia
com teu fenótipo,
analítico protótipo
processado poesia.

O genótipo
que me caracteriza
visa
decifrar-te.

Na nudez da origem,
no universo...
Dizer-te em verso
e depois amar-te!

Rui E L Tavares

(08/11/2010)

RENOVAÇÃO...

Acordo cedo para ver o Sol nascer,
ouvir o primeiro canto do sabiá
anunciando que a vida já acordou.

Mas antes, no quente do leito,
toco teu rosto ainda adormecido
beijando tua fronte suavemente.

Acaricio teus cabelos soltos
e fico ouvindo tua respiração suave
no sono que reflete a paz...

Só então sinto que acordei
de outra noite que passei contigo
na ternura deste amor sereno.

Agora já posso falar com Deus
e dizer do quanto estou agradecido
pela vida que renasce a cada amanhecer!

Rui E L Tavares

(06/11/2010)

PINGO DE CHUVA

Chove, e eu desejo compô-la
como um pingo...
Pois o que me resta é ser chuva
caída da nuvem cor de chumbo.

Teus olhos não, são azul-celeste
e brilham num céu de Sol...
Deles não posso ser, sequer
uma pequenina gota de lágrima.

Gotinha que escorre por tua pele
sem nenhuma pressa...
Lágrima que vai morar com a saudade
que habita o teu coração.

Se sou teu e não posso ser tua lágrima
um pingo de chuva, sonho ser...
Quero molhar a terra
e desabrochar rosa a teus pés!

Rui E L Tavares

(05/10/2010)

O QUÊ SERÁ ISSO?

O que será isso?
que me faz pensar em ti o tempo todo;
que me faz sentir ser água levada pelo rodo
ao ralo comum do mesmo pensamento...

O que será isso?
Que me mantém preso ao cárcere da saudade;
que faz do teu rosto a minha única realidade
como se a vida me fosse um só momento...

O que será isso?
Que me força irresistivelmente a sair de mim;
que me faz declinar à beira do fim
indo buscar toda razão de viver em ti...

O que será isso?
Que me funde inapelavelmente a este apego;
que acaba com meu passado, com meu sossego
como se existir começasse quando te conheci...

Será que meu corpo e alma estão doentes,
às portas de mal incurável, definhando
ou simplesmente ainda estou te amando,
O que será isso?

Rui E L Tavares

(03/11/2010)

COMO É DIFÍCIL TE ESQUECER!

Sei que preciso te esquecer
pois afinal tu não me queres mais.
Tenho consciência disso
mas nem por isso
em momento algum dei por aceito.

Infelizmente sou assim
nas coisas que se referem ao amor.

A memória se rende ao peito
pelas horas inacabadas
e eu fico lembrando,
martelando,
os íntimos momentos de nós dois.

Foram tantos, ...tempo que durou pouco
mas que foi intenso, enquanto durou.

Mas eu sei que preciso te esquecer,
queira ou não queira aceitar.
É um fato tristemente consumado
ser uma recordação apenas do teu passado,
mas antes escuta o que tenho a dizer.

Só por mais esta derradeira vez
que das muitas será a última, talvez...

Eu queria falar algo que fosse diferente
sobre tudo que vivemos, mas que fosse além
muito além daquele tudo
mas depois de pensar, contudo
fico na mesmice do que muitas vezes já falei.

Preciso te esquecer, eu sei,
mas e o meu travesseiro que fica a me lembrar?

E aquela parede gelada e fria
de onde não consigo afastar o meu olhar,
pois de lá, do sorriso que ilumina o teu retrato
ficas, nas noites, relembrando o fato
que continuas tão presente em minha vida.

Lê, por favor, este poema que agora escrevo
pois não sei se lestes outros que já escrevi.

Este é o último, perdi a vontade de escrever
pois meus versos não tem o poder de me representar.
Pessoalmente eu iria muito mais além,
diria que te amo, como nunca amei ninguém
nem vou amar até o dia em que morrer.

Ah! minha amada, não deixa de ler,
quero que saibas como é difícil te esquecer!

Rui E L Tavares

(03/11/2010)

FANTASIA

A essência que te faz, impõe-te a sina
que encanta pelos versos que hoje lês
fascinada assimilas na retina
o que enxergas além desses porquês.

Em soberba imatura de menina
és prepotente e sendo assim não vês
criando enfeites em camada fina
como iguaria coberta em glacês.

Na leitura te enganas e a quem te ama
aludindo ao teu peito airosa chama
no conteúdo tão fria e sem valor.

Roupagem fantasiosa e sem recheio
que tu tentas impor por qualquer meio
mas que nunca, na verdade, foi amor!

Rui E L Tavares

(02/11/2010)

DESILUSÃO

Acalentei quimeras,
ilusões apenas meras
nada mais que fantasias.

Fiz verso utópico,
fui poeta filantrópico
em muitas poesias.

Acreditei no amor
pintei-o como flor
doce como eu quis.

Dei-lhe carinho, tanto
luz, invulgar encanto
na ternura que o fiz.

Mas a Primavera
foi apenas quimera
de um Inverno frio.

Agora o olhar perdido
tem o brilho corroído
de um coração vazio!

Rui E L Tavares

(02/11/2010)