sábado, 21 de agosto de 2010

JANELA DE VIDRO

Recostado nas lembranças vejo o tempo
gotejar na vida e passar através dela
indo compor seu lugar no infinito
que se oculta atrás desta janela.

Por ela vejo sombras que antes luz
transitam nos reflexos da vidraça
como cenas vivas e projetadas
numa imprecisa tela de fumaça.

Na transparência vejo-me noutras eras
esfumaçado, confuso, pouco exposto
nas sombras descoloridas da memória
num cenário antigo, vago e decomposto.

Já o Sol partindo o matiz agora escurece
o vidro turva, o tempo se faz sisudo
surge a noite plena, negra na janela
cobrindo-me a mente em quase tudo.

Só resquícios ficam, são de saudade
feridas abertas, lembranças, sequelas
vertem da janela de vidro tão fechada
mas aberta sempre à memória dela.

Rui E L Tavares

(06/07/201

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