Quando me olho,
com olhar andarilho,
pelos caminhos que me fazem
e que jazem
hoje sem brilho...
Vejo-me à luz de outrora,
quando o cabelo era moreno...
Agora, na imagem mostrada
vejo a ação da geada
e a corrosão do sereno.
Passeio por dentro de mim
e vejo sorrisos francos;
vontades recém desabrochadas
contrastando entusiasmadas
com os meus cabelos brancos.
No meu rosto, ando pelos vincos
profundos como raízes,
que fixam a experiência
no âmago da consciência
através das cicatrizes.
Mas nos olhos, quando me olho,
o reencontro, não fico a esmo...
Apesar desse estranho protótipo,
desse novo fenótipo,
sinto que sou eu mesmo.
Vou até o meu coração
e lá vejo canteiros de flor;
vou ao celeiro dos sentimentos
e fico por momentos
admirando tanto amor...
Volto da imagem no espelho
e faço de mim outro juízo...
O tempo teve o seu efeito
mas nunca no meu peito
nem na luz do meu sorriso!
Rui E L Tavares
(17/04/2040)
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