A água quando passa cava o leito
por onde desce no avanço para o mar;
o tempo, esse passa de outro jeito
abrindo rugas na pele sem cavar.
Para onde o tempo vai, isso não cabe
na razão de quem nele se consome;
é marcado, sentido, mas ninguém sabe
nada mais, além do próprio nome.
O tempo, esse algoz que atua na memória
da mente que se faz sua hospedeira;
grava no corpo a sua história
em cada segundo, pela vida inteira.
Ignorá-lo nunca foi um bom conselho,
aceitá-lo seria ótimo, é pressuposto;
mas quando visto na imagem do espelho
vê-se as pegadas que deixou no rosto.
E nesse instante a blasfêmia inevitável
brota da garganta de quem se transformou;
lamentando com tristeza, é provável
o sulco envelhecido que ficou!
Rui E L Tavares
(19/02/2010)
Nenhum comentário:
Postar um comentário