Delicia-se chapinhando imundo charco
nas esquinas fétidas, o vagabundo
mexendo em "titicas" e só no parco
do esgoto miserável deste mundo.
Dorme de pé, em tosco nicho
à mercê da torpe ratazana
cobre-se de folhas que no lixo
deixou-lhe o lixo da raça humana.
Ele é humano no entanto
mas vive o coitado como um rato
jornais velhos lhe secam o pranto
comida podre lhe enche o prato.
Parasitas lhe sugam o próprio sangue
ele já não sente mais a dor
anestesiado pelo lodo lá do mangue
segue pela vida o "caminhador"
E o burguês ao vê-lo se enoja
como se não fosse bicho nem humano
pois esse ser que da decência se despoja
já foi um dia o "SEU FULANO"!
RUI - Out/2008
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